Deusa Perséfone: mito e simbologia (Mitologia Grega)
Na mitologia grega, Perséfone é a deusa do submundo, a rainha das profundezas.
Raptada por Hades, o deus do mundo inferior, Perséfone tornou-se sua esposa e passou a governar com ele.
Representa um aspecto místico, sensitivo e intuitivo e está relacionada ao nascimento das estações do ano, principalmente à primavera e ao inverno.
Também é cultuada em Roma, onde seu nome foi transformado em Prosérpina.
O mito de Perséfone
Filha de Zeus, o deus dos deuses, e Deméter, a deusa da colheita e da fertilidade, essa entidade era chamada originalmente de Cora.
Ela e sua mãe tinham uma relação muito próxima, na qual Deméter estava sempre por perto a protegê-la.
Mas um certo dia, a bela e virgem Cora estava colhendo flores de narciso, como era seu costume, quando algo surpreendente aconteceu.
Hades, o deus do mundo inferior, surgiu, dizendo-se apaixonado. Ele então abriu uma grande fenda no solo e a sequestrou, levando-a para seu reino. A partir desse acontecimento, Cora passa a se chamar Perséfone.
Deméter sentiu falta da garota, ficando desesperada e deprimida. Assim, a deusa desceu do Olimpo e vagou pelo mundo por nove dias e nove noites com duas tochas, uma em cada mão, procurando por sua filha.
Por conta dessa intensa tristeza, Deméter, que era a responsável pela agricultura e colheita, secou o solo, tornando-o infértil.
Enquanto isso, no submundo, Hades ofereceu uma romã para Perséfone, que come dois grãos do fruto. Dessa forma, o casamento entre eles é selado.
Hélio, o deus sol, observava a angústia da deusa da fertilidade e lhe contou que a filha havia sido raptada por Hades.
Quando Deméter chega ao submundo para resgatar Perséfone, Hades não permite que ela retorne a mundo superior, pois a deusa havia comido a romã, assumindo um compromisso com ele.
Percebendo a situação, Zeus envia às profundezas Hermes, o deus mensageiro, e ordena que Perséfone passe metade do tempo junto ao marido e a outra metade no Olimpo com sua mãe, Deméter, pois a terra não podia secar de vez.
Assim é feito e a partir de então os ciclos da natureza passam a existir.
O período em que Perséfone está na companhia de Deméter é o equivalente à primavera até a época da colheita, pois sua mãe está feliz e próspera. Quando a deusa volta ao submundo, Deméter se entristece e o solo se torna estéril, é o período do inverno.
Análise e simbologias do mito
Essa é uma história bastante conhecida da mitologia grega e carrega muitas simbologias e significados.
Perséfone, por ser muito ligada à sua mãe Deméter, é descrita como a "filha da mãe", sendo muitas vezes exibida junto a ela. As duas, inclusive, são comumente representadas com um ramo de trigo, como sinal de abundância e prosperidade.
Antes de ir para o submundo, Perséfone era uma moça virgem. Seu sequestro por Hades é muito relatado na história, inclusive em obras de arte. Esse momento representa uma violência e alguns estudiosos interpretam a ingestão da romã como a perda forçada de sua virgindade.
Há ainda outras interpretações que ligam a romã vermelha à primeira menstruação da moça, a chamada menarca. Assim, é possível relacionar o caráter cíclico do mito - as estações, colheita e estiagem - aos aspectos cíclicos referentes à fertilidade das mulheres, como a ovulação, tensão pré-menstrual e menstruação.
Assim, essa deusa é vista como o arquétipo da intuição, da introspecção e sensibilidade, pois o "submundo", no caso, está associado ao inconsciente e à interiorização.
Perséfone traz como símbolo a dualidade, a importância de estar em conexão com nosso mundo interior, mas sempre emergindo à superfície para aplicar a sabedoria no mundo material e colher bons frutos.
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