Catedral da Sé de São Paulo: história e características

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A Catedral da Sé, ou Catedral Metropolitana de São Paulo, foi uma das primeiras igrejas construídas em São Paulo e hoje é considerada um dos maiores monumentos do neogótico do mundo.

Porém, até se alcançar o resultado final, o templo foi reconstruído três vezes desde a sua primeira edificação (em 1591), e o projeto arquitetônico atravessou vários problemas até à sua finalização.

catedral

A Catedral

A última versão, a que hoje podemos contemplar, da Catedral da Sé foi projetada pelo alemão Maximilian Emil Hehl, naquela época professor de Arquitetura na Escola Politécnica.

O monumento é reconhecido como um dos maiores templos neogóticos do mundo, título que as suas impressionantes dimensões justificam.

Dimensões da Igreja

A Catedral tem 46 metros de largura, 111 de comprimento e uma cúpula de 65 metros de altura.

As torres têm 92 metros cada e no seu interior o templo tem capacidade para abrigar até oito mil pessoas.

A construção do edifício foi feita em granito maciço e nos seus acabamentos foram usadas 800 toneladas de mármore.

É de notar ainda o grandioso órgão, o maior da América Latina, fabricado em Milão pela indústria Balbiani & Bossi. O instrumento possui cinco teclados manuais, 329 comandos, 120 registros e 12 mil tubos com bocas com relevos entalhados à mão.

Pormenor do Órgão e da Rosácea no interior
Detalhe do Órgão e da Rosácea vista do interior.

Arquitetura

A Igreja tem a forma de cruz latina, possui cinco naves e transepto com uma cúpula sobre o cruzeiro. Na fachada podemos contemplar um portal principal encimado por uma grande rosácea. Duas torres altas flanqueiam a fachada.

O neogótico foi o estilo arquitetônico que mais influenciou a obra, mas esta pode também considerar-se como sendo arquitetura eclética, pois combina elementos de diferentes estilos e épocas.

Esse fato é mais evidente na inclusão de uma cúpula de concreto sobre o cruzeiro, de influência renascentista. A ideia foi inspirada na grandiosa cúpula de Santa Maria del Fiore de Florença, projetada por Filippo Brunelleschi.

Detalhe da Cúpula e das torres
Detalhe da Cúpula e das torres.

Mas é a influência do revivalismo gótico que mais sobressai na construção da Catedral. Exemplos disso podem ser constatados na utilização de elementos arquitetônicos como a abóbada de cruzaria de ogivas ou do arco quebrado.

Também a rosácea e as grandes janelas (em forma de arco quebrado) decoradas com vitrais, são imagens que marcam o estilo gótico.

Os vitrais possuem grande riqueza artística e iconográfica. Neles se retratam passagens bíblicas e até fatos históricos como a chegada dos portugueses ao Brasil. A maioria deles foi encomenda e trazida da Itália. Os criadores foram artistas como Max Ingrand, Francesco Bencivenga e Gilda Nagni.

Mas apesar da principal influência ter sido as grandes catedrais europeias da época medieval, características da cultura brasileira estão presentes, diferenciando a obra das suas irmãs distantes no tempo e no espaço.

Nos capitéis das colunas estão, por exemplo, representados animais da fauna brasileira, como o tatu, e plantas como o maracujá ou a jabuticaba.

Na Catedral encontram-se ainda várias esculturas em bronze e também esculturas em mármore assinadas por Francisco Leopoldo, irmão do arcebispo Dom Duarte Leopoldo e Silva, o principal responsável pela construção da Sé.

Detalhe do Portal
Detalhe do Portal.

A cripta da Catedral da Sé

Sob o altar-mor localiza-se a cripta, onde várias figuras da história de São Paulo, e também do Brasil, se encontram sepultadas.

É lá que está sepultado o Cacique Tibiriçá, o primeiro índio convertido e batizado pelos jesuítas José de Anchieta e Leonardo Nunes. Este foi aliado dos portugueses e teve um papel importante na fundação da cidade de São Paulo.

História da construção

A primeira versão da Igreja foi construída em 1591 em taipa de pilão, uma técnica de compressão de terra em forma de madeira (taipa).

Em 1745, contudo, à "velha Sé" foi atribuída a categoria de Catedral. Como a construção do primeiro edifício fora feita utilizando uma técnica rudimentar e pouco estável, determinou-se a necessidade de erguer uma segunda versão da igreja, exatamente no mesmo lugar.

Apenas em 1913 se deu início à construção da igreja tal como hoje a conhecemos. A obra foi terminada apenas 41 anos depois.

Desta vez, como não se considerou possível a sua construção no mesmo local das anteriores (Largo dos Curros), a nova catedral foi edificada na Praça da Sé, sendo o antigo templo demolido.

Os materiais de construção eram encomendados e trazidos da Europa. Esse fato acabou representando o principal obstáculo à finalização da obra, pois as duas grandes Guerras Mundiais (1914 – 1918 e 1939 – 1945) acabaram atrasando consideravelmente os trabalhos de construção.

A Catedral foi inaugurada no dia 25 de janeiro de 1954, no quarto centenário da cidade de São Paulo, mas ainda inacabada.

Na ocasião da inauguração ainda estava faltando a construção das duas torres principais, que apenas ficariam prontas na década de 70.

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