Arte Egípcia: entenda a arte fascinante do Antigo Egito
Entendemos como arte do Antigo Egito todas as manifestações artísticas produzidas por esse povo, entre os anos de 3200 a.C. a 30 a.C., aproximadamente.
Foi nas margens do rio Nilo, fundamental para o seu crescimento e evolução, que nasceu uma das civilizações mais importantes e originais de todos os tempos: o Antigo Egito.
A arte egípcia assumiu, sobretudo, a forma da pintura, escultura e arquitetura, estando intimamente ligada à religião, eixo em torno do qual todo o sistema social girava. A expressão artística tinha, então, a função de aproximar os humanos e os deuses, refletindo vários preceitos religiosos.
Ela estava também ancorada na ideia da morte como uma passagem para outro plano, onde o faraó (que tinha poderes de caráter divino), os seus familiares e também os nobres poderiam seguir existindo.
Por isso, era necessário preservar os seus corpos através da mumificação e também produzir objetos para essa nova realidade que viria. Assim surgiu a arte funerária, com as estátuas, os vasos e as pinturas que decoravam os túmulos.
Estas criações representavam os deuses e os faraós, narrando episódios mitológicos, acontecimentos políticos e momentos da vida cotidiana, ao mesmo tempo que refletiam a hierarquia e a organização social da época.
Seguindo um conjunto bastante rígido de normas e técnicas de produção, entre as quais se destacava a lei da frontalidade na pintura, os artistas eram anônimos e realizavam uma tarefa que era considerada divina.
Embora estas regras tenham resultado numa grande continuidade ao longo dos séculos, os vários períodos históricos trouxeram pequenas mudanças e inovações nos modos como os egípcios criavam.
No Antigo Império (3200 a.C. a 2200 a.C.), a arquitetura foi marcada por grandes empreendimentos que pretendiam exibir o poder do faraó, como a Esfinge e as pirâmides de Gizé. Já no Império Médio (2000 a.C. a 1750 a.C.), a pintura e a escultura assumiram o protagonismo.
Por um lado, mostravam imagens idealizadas da família real; por outro, começaram a incluir figuras do povo (como escribas e artesãos), que apresentavam uma maior expressividade e naturalidade.
Alguma liberdade artística se intensificou no Novo Império (1580 a.C. a 1085 a.C.), por exemplo, através das famosas estátuas com crânios de formato mais alongado.
Donos de uma sociedade e cultura bastante desenvolvidas, os egípcios também exploraram várias matérias complexas, como a matemática e a medicina, tendo até um sistema de escrita.
Graças às escavações arqueológicas que ocorreram ao longo do século XIX, passamos a conseguir decifrar os seus hieróglifos, algo que nos permitiu conhecer melhor os seus valores, modos de vida e artefatos.
Em suma, podemos afirmar que o Antigo Egito deixou um enorme legado artístico e cultural que continua despertando o fascínio de incontáveis visitantes e curiosos do mundo inteiro.
A pintura do Antigo Egito
Na pintura egípcia, as convenções para a criação eram muito fortes e a forma como eram executadas determinava a qualidade do trabalho. Uma das principais regras era a lei da frontalidade, que ordenava que os corpos deveriam ser pintados em dois ângulos diferentes.
O tronco, os olhos e os ombros deveriam surgir na posição frontal, enquanto a cabeça e os membros eram apresentados de perfil. A intenção por trás desta posição tão invulgar era sublinhar as diferenças entre a arte e a realidade.
Frequentemente, os desenhos eram acompanhados de hieróglifos; é o que acontece no Livro dos Mortos, uma coletânea de papiros que eram colocados nos túmulos. As tintas, produzidas a partir de minerais, acabaram se desgastando com a passagem do tempo.
Estas pinturas eram marcadas por um conjunto de simbologias presentes até nas cores utilizadas. Por exemplo: o preto representava a morte, o vermelho significava energia e poder, o amarelo simbolizava a eternidade e o azul homenageava o Nilo.
Vivendo numa organização social com papéis e hierarquias extremamente definidos, os egípcios criavam pinturas que exprimiam essas divisões. Assim, o tamanho das figuras apresentadas nas imagens não dependia da perspectiva, mas da sua importância no tecido social, do seu poder.
Presente na decoração de objetos e de edifícios, a pintura era um elemento importante na ornamentação dos túmulos dos faraós. Além de retratar deuses e episódios religiosos, também se focava naquele que tinha morrido, ilustrando cenas de batalha ou imagens cotidianas, como a caça e a pesca.
Importa ainda salientar que estes retratos estavam longe de ser uma cópia fiel, apresentando, em vez disso, uma fisionomia idealizada. No período do Novo Império, contudo, a pintura egípcia começou a apresentar mais inovações, com mais movimento e detalhes.
A escultura egípcia
As esculturas egípcias foram extremamente ricas e importantes na sua cultura, tendo proporcionando aos artistas um maior espaço para a criatividade e a inovação.
Com dimensões monumentais ou reduzidas, em forma de bustos ou figuras de corpo inteiro, estas obras apresentavam uma enorme variedade.
Além dos faraós e das suas famílias, elas também se inspiravam nos cidadãos egípcios comuns (como artistas e escribas), assim como em diversos animais.
Em alguns períodos, como o Médio Império, as normas eram mais rígidas, com representações semelhantes e idealizadas. Durante outras fases, no entanto, a escultura mantinha um olhar atento aos detalhes de quem estava sendo retratado.
Assim, este tipo de expressão artística reproduzia características físicas e feições, evidenciando também o estatuto social de cada um.
O Escriba Sentado, exposto no museu do Louvre, é um exemplo notório. Na peça, encontramos um homem de meia-idade que se encontra exercendo o seu ofício, como se esperasse o texto que seria ditado pelo faraó ou por algum nobre.
Contudo, as esculturas funerárias egípcias eram as mais sumptuosas e, por isso, continuam mais presentes no nosso imaginário. É o caso de imagens icônicas como a máscara mortuária de Tutancâmon e o busto de Nefertiti.
Este último exemplifica o modo como os princípios da escultura foram sendo alterados com o tempo, tendo existido momentos extremamente originais.
Nefertiti, esposa do faraó Aquenáton, pertenceu ao Período de Amarna, quando o deus sol (Áton) era o mais cultuado. Nessa época, por razões que desconhecemos, a família real era representada com os crânios alongados.
A arquitetura egípcia
Pelos seus enormes e memoráveis empreendimentos, a arquitetura do Antigo Egito continua sendo considerada um enorme legado da humanidade.
Enquanto as casas e as construções militares eram feitas de forma prática, para servir as suas funções, os templos, os santuários e os túmulos eram pensados para durar uma eternidade. Por isso, eram obras tão demoradas, dispendiosas e resistentes, tendo sobrevivido até à atualidade.
A Necrópole de Gizé, com as suas pirâmides e a Grande Esfinge, é sem dúvida um dos maiores pontos turísticos internacionais. A Grande Pirâmide de Gizé, uma das Sete Maravilhas do Mundo, foi construída entre 2580 a.C. e 2560 a.C, para o faraó Quéops.
O intuito era edificar uma casa eterna, digna da sua família, onde pudessem passar essa "segunda vida". As suas técnicas de construção eram inovadoras e, até hoje, despertam o interesse e a curiosidade de muita gente.
Ainda em Gizé, temos a Grande Esfinge, que possui 20 metros de altura e foi construída para representar o faraó Quéfren, durante o seu reinado (2558 a.C – 2532 a.C.).
A figura, que tinha a cabeça de um ser humano e o corpo de um leão, fazia parte da mitologia egípcia e estava relacionada com o culto das divindades.
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