Arte Concreta: conceito, exemplos e contexto no Brasil

Laura Aidar
Laura Aidar
Arte-educadora, fotógrafa e artista visual
Tempo de leitura: 3 min.

Arte concreta (ou concretismo) é um termo criado pelo artista holandês Theo Van Doesburg (1883-1931) nos anos 30. Essa vertente artística buscava trabalhar com os elementos plásticos de maneira direta e objetiva.

Assim, utilizava planos, cores, linhas e pontos para criar obras não figurativas.

Apesar de estar fortemente ligado à arte abstrata, o concretismo surge como uma oposição à vertente. O criador Theo Van Doesburg afirmou:

A pintura concreta não é abstrata, porque nada é mais concreto, mais real que uma linha, uma cor, uma superfície.

A intenção do concretismo, portanto, era se distanciar de qualquer representação do mundo. O abstracionismo, mesmo que não representasse figurativamente algo, trazia resquícios simbólicos e expressão de sentimentos.

Já a arte concreta traz características como a racionalidade, ligação com a matemática e clareza, se opondo ao que é imaterial e subjetivo.

estudo para obra de arte concreta de Theo Van Doesburg
Estudo para obra de arte concreta de Theo Van Doesburg

Além de Doesburg, outros grandes nomes europeus desse movimento são o holandês Piet Mondrian (1872-1944), o russo Kazimir Maliévitch (1878-1935) e o suíço Max Bill (1908-1994).

Arte concreta no Brasil

No Brasil, esse movimento começou a se fortalecer a partir dos anos 50, após a primeira Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo (1951).

O evento trouxe artistas influentes de outras partes do mundo e apresentou o trabalho de Max Bill, o qual foi premiado e inspirou diversos artistas em território nacional.

Assim, criou-se duas tendências a partir da arte concreta, organizadas por artistas do Rio de Janeiro e de São Paulo.

O Grupo Frente, como ficou conhecida a mobilização dos cariocas, trazia artistas preocupados com o processo, a experiência e a indagação, não tão fechados à linguagem concreta tradicional. Alguns dos participantes desse grupo, foram:

  • Ivan Serpa (1923-1973)
  • Lygia Clark (1920-1988)
  • Hélio Oiticica (1937-1980)
  • Abraão Palatinik (1928-2020)
  • Franz Weissmann (1914-2005)
  • Lygia Pape (1929-2004)

Em São Paulo, porém, o grupo que se formou era mais fiel aos princípios matemáticos e lógicos do concretismo. O nome que recebeu foi Grupo Ruptura, criado a partir de uma exposição de arte concreta em 1952 no MAM (Museu de Arte Moderna). Era formado por vários artistas, entre eles:

  • Waldemar Cordeiro (1925-1973)
  • Luiz Sacilotto (1924-2003)
  • Lothar Charoux (1912-1987)
  • Geraldo de Barros (1923-1998)

Vale lembrar que além da pintura, essa vertente também se manifestou no Brasil por meio da escultura e da poesia concreta.

Neoconcretismo

O neoconcretismo no Brasil surge como um desdobramento do movimento concreto, mas em oposição a ele.

O Manifesto Neoconcreto é então organizado por artistas do Grupo Frente, em 1959, e propõe maior liberdade de criação e retorno à subjetividade, além da possibilidade da interação entre público e obra.

Exemplos de arte concreta e neoconcreta

Unidade Tripartida, do suíço Max Bill, é uma escultura que foi exposta na Primeira Bienal de Arte Moderna de São Paulo, em 1951. Vencedora do prêmio de melhor escultura, a obra se destacou na cena artística brasileira.

Unidade Tripartida, de Max Bill
Unidade Tripartida, de Max Bill. Crédito: Arquivo Histórico Wanda Svevo - Fundação Bienal São Paulo

Lygia Pape criou no final dos anos 50 uma série de xilogravuras, intitulada Tecelar.

arte concreta de Lygia Pape
Tecelar (1957), de Lygia Pape

Helio Oiticica também fez muitos experimentos concretistas e neoconcretistas, dentre eles os Metaesquemas. São obras feitas em guache e papel cartão que trazem formas geométricas concisas.

Metaesquema de Helio Oiticica
Metaesquema (1958), de Helio Oiticica

Já Lygia Clark criou uma série de esculturas dobráveis que chamou de Bichos. As obras foram idealizadas na década de 60, já em sua fase neoconcretista.

Obra da série Bichos, de Lygia Clark, 1960.
Obra da série Bichos, de Lygia Clark, 1960.

Você também pode se interessar:

Bibliografia: PROENÇA, Graça. História da Arte. São Paulo: Editora Ática, 2002.

Laura Aidar
Laura Aidar
Arte-educadora, artista visual e fotógrafa. Licenciada em Educação Artística pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e formada em Fotografia pela Escola Panamericana de Arte e Design.